
Criatividade não é um dom!!
Por: Dr. Adriano Canabarro Teixeira
Como prometido nos últimos textos, quero dedicar alguns bits e muitas sinapses à exploração de possíveis contextos de desenvolvimento do pensamento criativo. Tal intento parte das seguintes premissas: Não se nasce criativo e criatividade sem ação toma o tempo das pessoas e tempo é um recurso não renovável!
Resgato também, caso você tenha sido congelado a alguns anos atrás e esteja tomando pé de como o mundo está, que inovar é elemento determinante de manutenção de relevância – em alguns casos de sobrevivência; que o pensamento crítico é nossa bússola para ação no mundo; e que, infelizmente, oportunidades de desenvolvimento da criatividade são raras.
Isto posto, podemos começar a pensar nas diferentes formas pelas quais a criatividade pode ser desenvolvida. Vamos partir do básico: o motor da criatividade envolve pensar fora da caixa e não ter medo de errar. Ou seja, precisamos nutrir nosso cérebro e nossas células de outras formas de ver e estar no mundo e ter coragem de experimentar novas formas de transformar nossa realidade.
A maioria dos espaços de formação humana está na contramão do pensamento criativo. Afinal, as grades curriculares que organizam a informação em disciplinas são representações claras de “encaixotamento”. Os métodos avaliativos por sua vez, baseados no certo e no errado, levam ao medo de propor outras respostas, levando à repetição de fórmulas e soluções. Mas calma, não vivemos mais na idade média e a própria humanidade já construiu soluções que podem ajudar na construção de contextos propícios à criatividade.
As metodologias ativas, por exemplo, podem estabelecer uma dinâmica de tratamento de problemas e de construção de soluções inusitadas baseadas em procedimentos pré-estabelecidos que, com o passar do tempo, tornam-se estratégia natural para os indivíduos. O Design Thinking é uma boa opção quando se quer construir uma solução eficiente e diferenciada para determinado problema. Ele envolve pelo menos quatro etapas: a imersão no universo do problema a ser resolvido, a análise dos elementos percebidos, a proposição e testagem de ideias de solução do problema e, por fim, a prototipação da solução. Sem dúvida é uma ferramenta efetiva de criação.
Outro elemento que qualifica ainda mais o processo criativo é a nossa capacidade de analisar problemas a partir de múltiplas perspectivas – habilidade que a realidade relatada dois parágrafos acima não ajuda a desenvolver. Entretanto, existem abordagens metodológicas interdisciplinares testadas e efetivas para este modo de pensar interdisciplinar. O movimento STHEM, por exemplo, parte do princípio de que toda solução deve ser pensada a partir da perspectiva da Ciência (Science), da Tecnologia (Technology), das Humanidades (Humanities), da Engenharia (Engineering) e da Matemática (Mathematics). Se todos os problemas do mundo real são interdisciplinares e complexos, nada melhor do que um modo de pensar interdisciplinar, não?
Por fim, não se nasce criativo! É verdade, mas já temos processos e métodos para desenvolver a criatividade! Estamos esperando o quê para começar?
Vida longa e próspera!